25.4.06

Apetece-te fazer?



Lia – Olha os vizinhos…

Teresa – Quero lá saber dos vizinhos. Que vão à merda! É da maneira que ficam a saber que as fufas também discutem.

Lia – Por favor Teresa, não me faças isto.

Teresa – Essa agora! Vais para a cama com aquele cabrão e pedes que não faça isto???
Não me fodas com essa conversa… Como foste capaz??? Não entendo…

Lia – Por favor. Não fales mais disso. Já te disse que é de ti que gosto!

Teresa – Claro! É de mim que gostas e é na cama daquele nojento que te metes! Ainda por cima com um gajo, foda-se pá!

Lia – Mas eu não queria, não tinha pensado em ir para a cama com o Carlos

Teresa - Nem repitas o nome desse gajo nesta casa! Percebeste bem???

Lia – Tu também… Queres mesmo discutir. Queres que lhe chame o quê? O nome dele é esse. Que queres que faça…

Teresa – Faz o que quiseres. Quero lá saber o que queres fazer! Não vens é para aqui falar desse gajo!
… Filho da puta a esta hora ainda se está a rir de mim e de ti, ou tu que pensas?

Lia – Por favor Teresa, olha os vizinhos…

Teresa – Já te disse, quero lá saber dos vizinhos!

Lia – Queres que me vá embora? Queres?

Teresa – Ir embora? Ah ah ah deixa-me rir…
Vais embora para onde? Vais ter com o gajo?
Fizeste as pazes com ele? Foi?

Lia – Por favor Teresa não me faças isto. Porque me estás a humilhar? Já te disse que é de ti que gosto.

Teresa – De mim? De mim como?
Como tens coragem de dizer isso? Apanhas-me uns dias fora de casa e metes logo na cama com esse vadio?
De mim? Que lata a tua!

Lia – É de ti que gosto, sim! Por favor Teresa acredita em mim!

Teresa – Larga-me! Larga-me já te disse!
Vens agora para aqui com essas merdas, por alma de quem?
Devias-te ter lembrado disso, quando me estavas a pôr os cornos! Não te lembraste pois não? Que é que queres agora?

Lia – Por favor Té, é de ti que gosto, tu sabes! Desculpa-me por favor… Por favor! Tu sabes que é de ti, que eu gosto.

Teresa – Eu? Eu já não sei de merda nenhuma! Eu só sei aquilo de que me vieram avisar; disso é que sei! Ainda por cima tinha que saber pela Paula. A esta hora já toda a gente sabe!

Lia – Essa cabra também não sabe meter-se na vida dela? grande puta! É o que ela é, uma Grande Puta! E quero lá saber se viveste com ela! Mas a essa, trato eu do assunto!

Teresa – Até pode ser uma Grande Puta, mas não foi ela que me andou a pôr os cornos! Percebes? Percebes bem?
A Paula nunca me pôs os cornos com ninguém! Nem gaja nem gajo! Percebeste bem?

Lia – Tás com essa conversa agora para quê? Se gostas tanto, volta para ela! Não é melhor que eu? Vá, volta para ela, tem coragem…

Teresa – Agradeço que não me provoques, percebeste bem?

Lia – Eu não estou a provocar. Tu é que a começaste a defender. E agradeço que pares de gritar. Já te pedi para falares mais baixo. A vizinhança não tem que saber da nossa vida.

Teresa – E eu por acaso estou a gritar? Já te disse que quero que os vizinhos se fodam! Não gostam que metam uma rolha!

Lia – Acho melhor ir me embora. Eu não consigo falar contigo.
Tu não queres ouvir, por isso o melhor é ir-me embora!

Teresa – Lia, Lia… Acorda! Psst, acorda bonita que tens?

Lia – Humm? Ahh?
Não sei! Acho que estava a ter um pesadelo!

Teresa – Também acho. Estavas agitada. Que foi?

Lia – Ah, nada! Era um pesadelo.
Ainda bem que me acordas-te.

Teresa – Vá, vem cá, dorme sossegadinha.
Gosto muito de ti!

Lia – Eu também!

Teresa – És o meu amor?

Lia – Sim. Chega-te para mim.

Teresa – Apetece-te fazer?

Lia – Não. Vamos só dormir assim agarradinhas.
Gosto tanto de ti!

Teresa – Eu também! Até amanhã.

Lia – Até amanhã.



Lobo

23 Abril 06
00.10

24.4.06

Mil vezes em segredo



Estar contigo,
É materializar
O sonho junto à praia,
Que nos viu sorrir!
Estar contigo,
É a certeza de ver
O tempo renovado
Mil vezes em segredo,
Porque gostamos!
Estar contigo,
É existir para sempre
Em cada palavra inventada,
Para dizer gosto de ti!
Estar contigo,
É caminhar seguro
Junto de ti.
Estar contigo,
É receber o sorriso
Do reencontro
Muito tempo depois
Do último olhar
E dizer,
Gosto de ti!

Lobo
20 Abr 06
23.57

21.4.06

Eu não existia mais…



Como um véu negro
A tristeza caiu em mim.
O dia fechou-se
Ficou sem luz,
A tua luz!
Tinha sido apagado
Da tua existência.
Mesmo respirando
O meu corpo,
O meu ser ,
Sentia-se eliminado Fisicamente!
Eu não existia mais!
Tinha sido afastado!
Ficou o gosto
Só o gosto
O meu gosto por ti
E esse ninguém o pode apagar,
Só eu quando quiser,
Quando me apetecer.
Até sempre meu Amor!

Lobo
21 Abr 06

17.4.06

Um dia os olhos sorriram



Todos os dias te esperei,
Sempre estive aqui!
Às noites seguiram-se dias.
Aos dias seguiram-se noites…
Nos meus lençóis lavados
Mil vezes amei a tua ausência!
A tua paixão de mil ilusões
Foi corroendo o gostar.
Mil vezes de novo te amaria…
Mas os olhos cansaram-se
De olhar a porta fechada
Por onde entrarias!
O gosto partiu devagarinho…
Foi fugindo de mim.
Esvaindo-se na tua memória,
Na saudade!
Um dia os olhos sorriram,
De mansinho olharam a luz,
Era manhã e o teu fantasma
Tinha partido… Para sempre!
De novo podia viver,
De novo podia amar,
Uma madrugada…

Lobo
16 Abr 06
02.31

12.4.06

No Silêncio da Noite!



Como uma torrente, como uma onda que persegue a anterior, as palavras procuram a escrita. Um sentimento puxa o outro. Os sentimentos andaram todo o dia num turbilhão, e o coração é pequeno para tanta emoção!
Antes de dormir, as palavras pedem o sossego. A cabeça procura a paz, o caminho do dia seguinte. Mais sereno, mais calmo!
Nas recordações, procuro as memórias. No tempo procuro as chaves do entendimento. Quero avançar!
Não sei qual o sentido. A única certeza é a de que o coração, no momento certo vai falar. Sempre foi assim!
O caminho do pensamento não é fácil. Por vezes tem armadilhas, subtilezas, mal entendidos que convém perceber. As palavras nem sempre são palavras! São ideias, intenções, assim como um “faz de conta”… ou ainda, de uma forma mais profunda, “se nós quiséssemos”…
Nas memórias, procuro os momentos, as palavras…
Com os teus olhos, procuro as imagens que não vi!
Cada palavra, cada movimento… Os olhares, carregados daquilo que nunca foi dito...
Será sempre um segredo guardado por nós. Um discurso em off, que só nós saberemos. Desde sempre foi segredo!
Não sei porque foi assim. Fomos caminhando até chegar aqui. Fomos andando. Só isso!
Hoje o dia foi pesado de emoções e a alma não serena. Tenho necessidade de me perceber. De nos perceber! Cheguei a um ponto, em que as palavras, tem que ser palavras. O tempo tem que ser tempo!
Não sei, se chegamos a uma encruzilhada, ou se nos cansámos de caminhar juntos. Podemos até ficar por aqui, mas antes preciso entender. Não é fácil, este caminhar. As dores fazem parte da memória. Ao teu lado fui caminhando e hoje, preciso de perceber o sentir. Nunca falamos em caminhos comuns. Pensámo-los em segredo. Cada um por si!
Para quê falar daquilo que temos medo de construir?
Sempre decidi os meus passos. Sou um Lobo Solitário! Dizem que são os mais perigosos, os mais assustadores.
Por mim, vou continuar o meu trajecto, na certeza de olhar a manhã, e com um beijo dizer:
- “Acorda amor, é dia”!

Lobo

02 Fev 06

11.4.06

Até parece...

Até parece
Que o dia vai nascer
Para nós dois,
Se as ondas do Mar
Vem até mim
E levam o meu olhar
Para junto de ti!

Até parece
Que a velha música
Vai voltar a tocar
Só mais uma vez,
Dando uma chance
Para o nosso Amor!

Até parece
Que a distância
Encurtou o tempo
Num sonho bom,
Quando amanhecer
É acordar em ti
Uma outra vez!

Até parece…

Lobo
10 Abr 06
23.46

9.4.06

Manhã de Abril…

Não sei explicar
A graciosidade.
A tua graciosidade.
Olho-te serenamente
Neste contraste de beleza e força.
A imagem… a tua imagem,
Está presente num desejo.
Duas realidades
Duas espécies
Dois seres…
Tão perto e distantes
Num encontro de destinos
Numa procura de existência
Num direito a gostar,
A gostar de ti, com gosto,
Com o gosto reservado,
De um amor proibido
Pela distância…
Pelo tempo…
Para sempre!

Lobo


9Abr06
22.30

7.4.06

Como sinto a falta dos teus olhos...



Tenho comigo
A dor da vontade
Que não te fiz!
Os teus olhos suplicantes
Num pedido, numa súplica…
Tolhido pelo medo
Não consegui tocar o teu corpo.
Foi mais forte que eu!
Hoje,
Imploro o teu perdão!
Como gostaria
De te pegar uma vez,
Uma única vez!
Não imaginas
Como sinto a falta dos teus olhos
Suplicando um momento,
Só mais uma vez!
Daria tudo
Por esse teu olhar
Desfaria a vida.
Por esses olhos que amei,
Daria a existência…
O tempo passou!
O fim foi chegando
Com os dias de Setembro.
Quando a doença te levou
O mundo fugiu de mim,
O tempo parou
Não sei o que fiz…
Sei que doeu muito
Sei que daria tudo
Para te ter,
Para te ver só mais uma vez.
Mãe,
Tenho saudades tuas!

Lobo
7 Abril 06
0.40 horas

6.4.06

Nesta ou noutra vida



Mil vezes voltaria para ti
Mil vezes faria tudo de novo
Voaria nas asas do vento.
Ficaria tudo para trás,
Deixaria tudo,
Tudo!
Nesta ou noutra vida,
Caminharia sempre
Para a tua existência.
Para o teu olhar doce.
De novo te olharia nos olhos
De novo te diria
Estarei sempre aqui,
És o meu Amor!

Lobo
5 Abril 06

5.4.06

Quero ir trabalhar. Não quero estudar mais!


O dia estava frio e de chuva. Luís lutava com o vento. O guarda-chuva já tinha uma vareta estragada, e tinha amanhecido de Inverno. Dizem que em Abril águas mil, e naquela manhã o céu resolveu despejar toda a água do mundo sobre Luís.
Eram oito e dez e as aulas começavam às oito e trinta. Tinha que andar rápido, mas com aqueles sapatos tão grandes não era fácil.
Os pais de Luís viviam mal e faziam um esforço enorme para criar os filhos todos. A vida não estava nada meiga…
O ordenado ao fim do mês, desaparecia como que por artes mágicas.
Por vezes Luís tinha sorte! A mãe do seu vizinho António, dava-lhe algumas roupas que já não serviam ao filho, embora fossem ambos da mesma idade. Nesses dias Luís ficava muito contente, tinha uma roupa nova para estrear!
Luís naquele dia, teve que levar uns sapatos um pouco maiores, que o numero que gastava - eram do pai - mas eram em borracha! Pelo menos, não chegaria com os pés todos molhados. Os sapatos dele estavam com as solas rotas!
Todos os dias, Luís fazia aquele trajecto para ir para a escola. Não era grande caminhada, mas também não era pequena. Ora… não justificava gastar dinheiro no autocarro. Mesmo que quisesse, também não o tinha, por isso tratava de dar à perna.
Naquele dia estava difícil. Segurar os livros e o guarda-chuva com aquela ventania…
O casaco, já estava a ficar todo molhado, e os livros só se safavam porque a mãe, os enrolou num plástico. Tinham custado caro, não se podiam estragar.
Perto da escola, o guarda-chuva não aguentou mais. A Mãe de Luís já lhe tinha dito - “Não te preocupes. Se ele se partir paciência, deita-o fora e vai depressa. Ele já está velhote…” Luís assim fez. Por sorte estava próximo!
Quando entrou no átrio, Luís era aquilo que se pode chamar, um pinto. Todo ele escorria água! Os colegas quando o viram, riram a bom rir. Estavam todos naquela idade, em que qualquer coisa faz rir. Luís bem tentava explicar que o guarda-chuva se tinha partido… mas os sapatos? Sim, os sapatos? Como explicar aqueles sapatos quase dois números maiores; de um modelo antigo e que faziam chelop, chelop ao caminhar?
Luís morria de vergonha dos colegas. Todos se riam dele e daqueles malditos sapatos cheios de água!
Como terão descoberto, que ele era pobre? Interrogava-se Luís.
Triste como a noite, lá foi para a sala, com os colegas de turma, atrás dele a rirem-se.
Apetecia-lhe ir embora e nunca mais ver aquela escola.
Nesse dia, quando chegou a casa, Luís disse ao Pai – “Quero ir trabalhar. Não quero estudar mais!”

Lobo
05 Abr 06
01.13 Horas