21.2.08

É a vida…



No Curso de Cinema, tive uma cadeira de História do Cinema e do Audiovisual Português, que foi leccionada, tendo como suporte teórico, o livro “Portugal, Hoje – O Medo de Existir” da autoria de José Gil.
Hoje, motivações de ordem pessoal, levaram-me a passar os olhos por essas páginas.
Sabia que ia ali encontrar, alguns extractos que respondiam de uma forma clara, ao meu pensamento. Assim, resolvi recolher algumas dessas “imagens” e colá-las aqui.

“ O medo é uma estratégia para nada inscrever. Constitui-se, antes de mais, como medo de inscrever, quer dizer, de existir, de afrontar as forças do mundo desencadeando as suas próprias forças de vida. Medo de agir, de tomar decisões diferentes da norma vigente, medo de amar, de criar, de viver. Medo de arriscar. A prudência é a lei do bom senso português.”

“ É o medo que nos tolhe e, directa e indirectamente, nos inibe de expandirmos a nossa potência de vida, e mesmo a nossa vontade de viver. De certo modo, pode perguntar-se se a própria não-inscrição, toda essa actividade saltitante do «toca e foge», esse constante desassossego dos portugueses, não provém do medo. Porque este arranca o individuo ao seu solo., desapropria-o do seu território e do seu espaço, deixa-o a sobrevoar o real, em pleno nevoeiro.
Enquanto dispositivo mutilador do desejo, o medo predispõem `a obediência. Amolece os corpos, sorve-lhes a energia, cria um vazio nos espíritos que só as tarefas, deveres, obrigações da submissão são supostos preencher. O medo prepara impecavelmente o terreno par a lei repressiva se exercer.”

“ É pois sempre mais conveniente continuarmos a não assumir responsabilidades, a não afrontar opiniões contrárias, a fugir aos problemas e a não pensar mais além das soluções que entram no quadro de todas as integrações. Sobretudo recusar os conflitos.”

“Portugal, Hoje – O Medo de Existir”
José Gil
RELÓGIO D’ÁGUA
Lobo
21 Fev 08

2 Comments:

At 11:34 da manhã, Anonymous Anónimo said...

No meu caso, o medo me leva a multiplicar meus pensamentos em torno de uma hipótese em progressão geométrica.

 
At 12:56 da manhã, Anonymous Anónimo said...

"É a vida...."
Qual vida? A que temos ou a que gostariamos de ter?
A nossa vida geralmente é o produto daquilo que deixamos que ela seja, como diz o texto "o medo que nos tolhe" é isso mesmo o medo de arricar nas mais variadas situações, medo de dizer o que se pensa com medo do que é que os outros pensarão de nós(que interessa os outros desde que estejamos de bem com nós próprios?), medo de tomar decisões e essencialmente medo de amar(talvez seja o medo maior do ser humano quando deveria ser exactamente o contrário) e isto acontece porque o medo da perda se antecipa e então é mais cómodo ficarmos quietos no nosso canto e não arriscar.
Mas isto de se ter tantos medos é viver? Não é preferível arriscar, assumir responsabilidades, enfrentar os problemas, amar...?
Se não perderemos os medos arriscámo-nos a não viver, mas sim a passar pela Vida.
Eu recuso-me a fazê-lo, correndo o risco de infringir a lei do bom senso português

 

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