28.8.06

Sem Luz...



Em cinema, no meio de toda aquela quantidade de técnicos, cameras, projectores, cabos enfim, todas aquelas coisas, que alguns já viram nos making-of, tudo aquilo tem uma finalidade: Registar luz!
O cinema é registar Luz!
O plateau fervilha de movimento, a cena está toda preparada; toda a gente sabe o seu papel! Como bons profissionais, todos os técnicos estão prontos. Sabem exactamente aquilo que tem a fazer a cada momento da rodagem. Tudo foi verificado. Todos os pormenores analisados. Quem entra; quem sai; quem fala; quem se movimenta e para onde. Tudo pronto, tudo ok.

Um Assistente do Realizador grita:
Luz! – Luz; Som! – Som; Camera! – Camera; Acção!
Tudo começa a rolar. A cena está a acontecer. Os actores soltam o texto e as palavras flúem. Os movimentos acontecem tal como o Realizador pediu.
De um momento para o outro acontece o impensável. A Luz falta!
O plateau está às escuras. Os actores estão lá. A equipa de rodagem também, só que falha esse pequeno/grande pormenor: A Luz!
A camera não tem nada para registar. Só negro! Unicamente negro!!!
De facto, em Cinema regista-se luz. Quando ela está ausente, de uma forma não intencional, o plano falha!
É o momento em que o Realizador diz Corta!
Durante alguns momentos a acção decorreu, mas sem Luz. A camera nada tinha para registar. Só a ausência da Luz. O Negro!
Por vezes, tal como no cinema, a Luz falha aos Homens. A vida fica escura e sem registo!
A acção do filme “Vida” desaparece como por magia!
Tudo se encontra no local de rodagem. Todos aqueles que são de cena permanecem em cena, só que não visíveis. Perderam a luz. Perderam aquela auréola que lhes dava existência!
Só que, quando assim acontece, o prejuízo é bem maior.
No cinema da vida, a camera não pára. Acção também não. Os Homens continuam a sua representação às cegas. Sem se verem e sem verem aqueles que consigo contracenam. Os choques acontecem, e as calcadelas também. Na confusão os ânimos exaltam-se. Ninguém vê ninguém. Todos estão cegos, todos estão sem visão.Na escuridão da sua existência, terão que percorrer os caminhos. É nesse instante do tempo, que as consciências, tem que se encontrar, para que de novo, a Luz regresse. Para que de novo, os Homens possam representar os seus papéis na cena da “Vida”, esse filme em que todos somos actores por algum tempo!


Lobo
28 Agosto 06
4.32

4.8.06

Internacionalização da Amazónia?



Apetecia-me escrever aqui no "Lobos" antes de ir de férias.
A intenção era essa. Entretanto ao passear por blogs amigos, descobri este texto no blog do critico de cinema Lauro António http://lauroantonioapresenta.blogspot.com/
Como gostei do texto, resolvi fazer o copy e divulgar pelos amigos, através de E-mail e publicar aqui.
Acho que é um texto, que vale muito a pena ser lido.

Discurso do Ministro Brasileiro de Educação nos EUA

Durante um debate numa universidade nos Estados Unidos, o actual Ministro da Educação CRISTOVAM BUARQUE, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazónia (ideia que surge com alguma insistência nalguns sectores da sociedade americana e que muito incomoda os brasileiros). Um jovem americano fez a pergunta dizendo que esperava a resposta de um Humanista e não de um Brasileiro. Esta foi a resposta do Sr. Cristovam Buarque:

”De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazónia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse património, ele é nosso. Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazónia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade. Se a Amazónia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro... O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazónia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extracção de petróleo e subir ou não o seu preço. Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazónia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazónia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação. Antes mesmo da Amazónia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo génio humano. Não se pode deixar esse património cultural, como o património natural Amazónico, seja manipulado e destruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo, um milionário japonês, decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milénio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhatan deveria pertencer a toda a humanidade. Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro. Se os EUA querem internacionalizar a Amazónia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos também todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior do que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil. Nos seus debates, os actuais candidatos à presidência dos EUA têm defendido a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do Mundo tenha possibilidade de COMER e de ir à escola. Internacionalizemos as crianças tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como património que merece cuidados do mundo inteiro. Ainda mais do que merece a Amazónia. Quando os dirigentes tratarem as crianças pobres do mundo como um património da Humanidade, eles não deixarão que elas trabalhem quando deveriam estudar, que morram quando deveriam viver. Como humanista, aceito defender a internacionalização do mundo. Mas, enquanto o mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazónia seja nossa. Só nossa!"
ESTE DISCURSO NÃO FOI PUBLICADO. AJUDE-NOS A DIVULGÁ-LO Porque acho que é muito importante... mais ainda, porque foi Censurado.

Ps - Cristobam Buarque neste momento já não é Ministro. É candidato à Presicência e critico do Presidente em funçoes Lula da Silva.