19.2.10

Janelas do olhar...



Das pessoas sei pouco.
Talvez nada saiba. Quem sabe?
Deixo os dias correr e observo.
Um olhar discreto,
Uma carícia no rosto...
Uma memória guardada em segredo...
Um passado, presente no silêncio.
Das palavras não ditas,
Crio imagens e caminhos,
Retorno silencioso até mim
Porto seguro da existência!
Não tenho segredos, (ou quase)
Nem palavras à janela...

Lobo
19Fev10

2.2.10

Contra a Censura. Pela Liberdade de Expressão!

O Sr. 1º Ministro de facto tem um problema com os jornalistas. Com alguns jornalistas. Não todos. Apenas alguns - Os Incómodos!
É, ele não gosta desses. São uma chatice. Um aborrecimento. Verdadeiros casos a necessitar de uma "soluçãozinha"!
O jornalista Mário Crespo foi objecto da atenção do Sr. 1º Ministro durante um almoço. Agora, viu o seu artigo de opinião sobre o dito almoço, recusado pelo Jornal onde habitualmente colabora. Acontece, é a vida!
Mas também acontece que alguns, neste país, lutaram pela Liberdade. Liberdade de Opinião; Liberdade de Expressão. LIBERDADE!
Acontece Sr. 1º Ministro, que alguns de nós ainda temos memória do 25 de Abril. Ainda temos na memória a Censura; o Lápis Azul; a falta de Liberdade para falar, para ter opinião!
Assim sendo, faço questão de abrir as portas do meu blog, para o texto do Jornalista Mário Crespo. Tenho muito orgulho nisso!
Não o faço, porque o Jornalista Mário Crespo necessite deste espaço, para se fazer ouvir.
Faço-o Sr. 1º Ministro, por uma questão de principio.
Faço-o por Valores (que não da Bolsa).
Faço-o por Solidariedade.
Faço-o porque já estou farto da sua arrogância estalinista.
Sabe sr. 1º Ministro, talvez comece a ser tempo de um novo 25 de Abril, neste País pobre, antes que ele em definitivo se torne um Pobre País!
Talvez seja tempo de outras vozes, que não a sua, se levantarem, e fazerem-se ouvir contra a arrogância!
Talvez seja de novo, o tempo do Capitão Salgueiro Maia!

Lobo
02Fev10

O Fim da Linha
Mário Crespo

Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.

Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado (1/2/2010) na imprensa.

publicado em http://www.institutosacarneiro.pt/?idc=509&idi=2500